Introdução
Sua operação enfrenta atrasos, desvios ou altos custos no abastecimento? A restrição de rede de postos, modelo frequente nos sistemas de cartão-frota tradicionais (arranjo fechado), é uma questão cada vez mais relevante para gestores. Embora esse modelo prometa controle e segurança, a limitação de postos credenciados pode gerar ineficiências silenciosas. O tempo perdido em filas, a necessidade de sair da rota e a frustração dos motoristas impactam diretamente os resultados. Neste artigo, você vai entender como esses fatores comprometem a produtividade e o orçamento, além de conhecer estratégias para recuperar a eficiência sem abdicar do controle.
O que você vai aprender neste artigo
Ao longo deste artigo, você vai:
- Aprender estratégias práticas para mitigar os impactos e otimizar sua gestão de combustível.
- Entender como redes restritas de abastecimento prejudicam a eficiência da operação.
- Identificar os custos ocultos do cartão-frota, como desvios, tempo improdutivo e desgaste do veículo.
- Descobrir como a experiência do motorista impacta o desempenho da frota.
- Avaliar o verdadeiro custo-benefício de redes limitadas, além dos descontos prometidos.
O que são redes restritas (arranjo fechado) de cartão-frota?
Redes restritas de cartão-frota são sistemas que limitam os locais onde os veículos podem abastecer. Essa limitação está diretamente ligada ao tipo de arranjo adotado no modelo de cartão: fechado ou aberto.
Arranjo fechado
No arranjo fechado, o cartão é aceito apenas em uma rede limitada de postos conveniados. Esse modelo promete maior controle e segurança, mas traz desvantagens importantes. Um dos principais riscos está na inserção manual de dados no POS pelos frentistas, como quilometragem, tipo de combustível, preço do litro e volume abastecido. Segundo análise publicada pelo portal Economizar Combustível, isso pode gerar erros operacionais ou até abrir brechas para fraudes, dificultando a auditoria e o controle real dos abastecimentos (confira a análise).
Além disso, quando a rede de postos é pequena ou mal distribuída geograficamente, o motorista precisa desviar da rota ideal, o que gera atrasos e aumento do custo logístico. Esse impacto na roteirização é detalhado em um artigo específico sobre o tema, que mostra como o abastecimento pode comprometer a eficiência das entregas (veja o artigo completo).
Arranjo aberto
Por outro lado, o arranjo aberto permite o abastecimento em uma rede muito mais ampla de postos, geralmente com liberdade de negociação direta com os estabelecimentos. Esse modelo reduz a dependência de grandes credenciadoras e evita a prática do ágio no litro, uma diferença de preço que ocorre quando o posto repassa ao consumidor os custos das taxas cobradas pelos sistemas de cartão-frota. Esse efeito é abordado em detalhes em um estudo sobre o custo oculto do cartão-frota.
Com isso, o gestor ganha mais liberdade para otimizar os abastecimentos com base em rota, preço real do combustível e conveniência logística.
Impactos logísticos e operacionais

Caso Mitie: quando o desvio de rota custa caro
A experiência da empresa Mitie, no Reino Unido, ilustra bem o impacto dos desvios de rota causados por redes restritas. Com uma frota de 4.000 veículos e um gasto anual de mais de £11 milhões em combustível, a empresa concluiu que um cartão-frota limitado a poucos postos aumentaria seus custos e obrigaria motoristas a rodarem mais do que o necessário.
Ao optar por um fornecedor com ampla rede de aceitação, a Mitie evitou um acréscimo de 624.000 milhas em sua operação, o equivalente a £439.360 em gastos extras e um aumento de 187 toneladas de CO₂ emitido. O estudo reforça que, ao focar apenas no desconto por litro, muitas empresas ignoram o impacto logístico da rota — e acabam pagando mais caro no fim.
Esse exemplo demonstra como um arranjo flexível pode resultar em economia real, tanto financeira quanto ambiental, ao preservar a eficiência operacional mesmo diante de restrições logísticas ou rotas longas.
Desvios e roteirização comprometida
A rede restrita de abastecimento afeta diretamente a operação logística de uma frota. Quando o motorista precisa sair da rota planejada para encontrar um posto credenciado, toda a cadeia se torna menos eficiente. Desvios, espera em filas e alteração na sequência de paradas são consequências comuns, especialmente nos modelos de arranjo fechado.
Segundo análise da plataforma Economizar Combustível, a limitação de postos algumas vezes obriga o motorista a abastecer em locais menos vantajosos por falta de opção. Isso resulta em paradas não planejadas e impacta negativamente a roteirização, gerando atrasos nas entregas e perda de produtividade operacional (fonte).
Regiões críticas e gargalos operacionais
Além disso, os postos credenciados em arranjos fechados nem sempre estão localizados em regiões estratégicas. Isso pode aumentar a quilometragem rodada e elevar o consumo de combustível. O reflexo é sentido não apenas no custo direto do abastecimento, mas também no tempo de jornada e no estresse do motorista — que precisa cumprir metas e horários rígidos mesmo com essas interferências.
Em regiões mais isoladas, esse problema se intensifica. A oferta de postos já é limitada e, como os sistemas de arranjo fechado impõem taxas administrativas mais altas aos postos, muitos estabelecimentos optam por não se credenciar. Como resultado, a frota pode ficar sem nenhuma opção de abastecimento naquela microregião, sendo forçada a percorrer longas distâncias até encontrar um posto credenciado apto a operar com o cartão-frota.
Roteirização e concentração de demanda
Mesmo soluções avançadas de roteirização perdem eficiência diante de redes restritas, já que o abastecimento em pontos fixos muitas vezes entra em conflito com as rotas ideais calculadas por algoritmos. Além disso, o acúmulo de veículos em poucos postos credenciados gera filas significativas. Esse gargalo se intensifica em horários de pico ou em zonas com poucos estabelecimentos homologados, comprometendo o cronograma de entregas e aumentando o tempo improdutivo da equipe.
Mudanças de rota por eventos climáticos ou emergenciais
Eventos inesperados, como chuvas torrenciais, deslizamentos ou interdições em rodovias, exigem mudanças repentinas de rota. Nesses casos, frotas que operam com arranjo fechado enfrentam ainda mais dificuldade para manter o planejamento de abastecimento. Sem acesso a uma rede ampla de postos, o motorista pode ficar sem alternativas viáveis ao longo da nova rota, aumentando o risco de atrasos ou paradas forçadas. Esse tipo de vulnerabilidade operacional reforça a importância da flexibilidade no modelo de abastecimento, especialmente para operações rodoviárias ou interestaduais.
Consequências financeiras invisíveis
Ágio e custo oculto por litro
Os custos diretos do combustível são visíveis. Porém, os efeitos financeiros do cartão-frota com rede restrita vão além do que aparece na fatura mensal. A operação acumula despesas invisíveis que impactam o caixa sem alarde.
Primeiro, há o ágio no preço do litro, prática comum em postos que operam em arranjos fechados. De acordo com o site Economizar Combustível, muitos estabelecimentos repassam aos motoristas os custos do sistema, elevando artificialmente o valor do combustível em até 15%.
Mão de obra improdutiva e desgaste operacional
Além disso, o desvio de rota e o tempo parado para abastecer geram custo de mão de obra improdutiva. Cada minuto fora da rota significa mais horas extras, menos entregas por dia e aumento do custo por quilômetro rodado. Um levantamento interno mostrou que esses desvios podem representar até R$ 1.600 por veículo por ano, somando tempo, desgaste e combustível adicional.
Taxas administrativas e reconciliação de dados
Outro fator pouco percebido são as taxas administrativas embutidas nos cartões. Mesmo tarifas de 3% por transação se tornam expressivas em frotas com grande volume de abastecimentos mensais.
A sobrecarga administrativa também é um fator a considerar. Embora ocorra em qualquer modelo de cartão-frota, ela tende a ser mais intensa nos arranjos fechados. Isso acontece porque os dados operacionais — como quilometragem, tipo de combustível, volume abastecido e preço por litro — são frequentemente inseridos manualmente pelo frentista, que nem sempre está treinado ou comprometido com a qualidade da informação. Em momentos de maior movimento nos postos, o foco tende a ser apenas registrar o valor total da transação, o que aumenta significativamente o risco de erros. Corrigir essas falhas exige tempo, auditoria e retrabalho por parte da equipe de gestão.
Esses custos ocultos minam a margem operacional e dificultam a previsibilidade de gastos. Por isso, entender a estrutura do cartão-frota e o modelo de arranjo adotado é essencial para evitar surpresas no orçamento.
Como o cartão-frota com rede restrita afeta os motoristas
Os efeitos da rede restrita de abastecimento não se limitam aos indicadores financeiros. Na prática, esse modelo também afeta diretamente o dia a dia dos motoristas e influencia o clima da operação.
A limitação de postos reduz a autonomia do condutor. Ao se deparar com uma rota onde não há postos credenciados, ele precisa desviar do trajeto ou até parar para pedir orientação ao gestor. Essa situação gera frustração, estresse e perda de ritmo no trabalho.
Além disso, o tempo extra gasto em desvios e filas afeta o cumprimento de metas. O motorista sente-se pressionado a compensar o atraso nas próximas etapas, o que pode levar a comportamentos de risco, como direção mais agressiva, afetando a segurança e o consumo de combustível.
Em muitos casos, para evitar atrasos, o condutor opta por abastecer fora da rede, usando recursos próprios ou burlando o sistema. Isso gera conflitos internos e dificulta o controle da política de abastecimento. Como mostram os dados analisados no relatório técnico, esse comportamento não é exceção, mas uma resposta a um sistema que não acompanha a realidade da rua.
Segundo especialistas do portal Economizar Combustível, o controle deve vir acompanhado de flexibilidade e confiança, com regras claras, mas aplicáveis ao dia a dia. Um sistema que ignora a rotina do motorista compromete não apenas a produtividade, mas também a relação com a equipe.
Estratégias para mitigar os impactos do cartão-frota com rede restrita
Reconhecer os impactos é o primeiro passo. O segundo, e mais importante, é agir. Existem formas viáveis de reduzir os prejuízos operacionais e financeiros causados por cartões-frota com redes limitadas — sem abrir mão do controle.
1. Avalie o custo total de operação (TCO)
O desconto por litro não deve ser o único critério na escolha de um fornecedor. É essencial analisar o custo total de operação, que inclui tempo improdutivo, desvios de rota, desgaste de pneus e consumo excessivo.
Ferramentas de telemetria e relatórios operacionais ajudam a medir esses impactos de forma clara. Ao considerar o TCO, muitas empresas descobrem que arranjos mais flexíveis geram economias reais, mesmo com valores nominais mais altos.
2. Reavalie o modelo de arranjo
Se sua operação depende de abastecimento em diferentes regiões, o arranjo fechado pode ser uma barreira à eficiência. Nestes casos, considerar a adoção de um arranjo aberto, com mais opções de postos e menos burocracia, pode ser o caminho ideal.
De acordo com os especialistas da Economizar Combustível, redes amplas permitem negociações diretas com os postos, além de evitar práticas como o ágio no litro, que distorcem o custo real do abastecimento.
3. Use tecnologia para roteirizar e otimizar abastecimentos
Integre dados de abastecimento, consumo e localização em um único sistema. Plataformas de gestão com telemetria e roteirização inteligente permitem prever pontos ideais para abastecimento, evitando paradas fora de hora e desvios desnecessários.
Além disso, é possível criar alertas de abastecimento por consumo real, evitando fraudes ou erros de quilometragem manual, comuns em modelos de arranjo fechado.
4. Capacite e escute os motoristas
Nenhuma estratégia funciona sem a adesão da equipe. Por isso, é fundamental capacitar os motoristas sobre as políticas de abastecimento, ouvir feedbacks e adaptar as regras à realidade operacional.
Um sistema eficaz equilibra controle com flexibilidade. Quando o condutor se sente parte da solução, ele contribui com dados reais, evita desvios e respeita as diretrizes estabelecidas.
Conclusão: decisões melhores começam pelo abastecimento
O cartão-frota com rede restrita pode parecer uma solução de controle, mas quando analisado com profundidade, revela falhas que comprometem a eficiência, elevam custos e afetam o desempenho da equipe.
Vale destacar que o impacto do arranjo fechado varia conforme o perfil da operação. Em frotas que atuam em zonas urbanas com alta densidade de postos credenciados e rotas mais previsíveis, esses problemas tendem a ser menos intensos. No entanto, frotas que percorrem longas distâncias ou operam em regiões mais afastadas sentem mais fortemente os efeitos da limitação — especialmente pela escassez de postos credenciados e a dificuldade de manter a roteirização eficiente.
Rever o modelo adotado, considerar o custo total da operação e dar voz aos motoristas são passos essenciais para equilibrar controle com produtividade.
A gestão inteligente do abastecimento vai além da bomba: ela impacta rotas, pessoas e resultados. Escolha um modelo que acompanhe o ritmo da sua operação.