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Incentivos fiscais para elétricos nos EUA está em risco

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Introdução

A política de incentivos fiscais para veículos elétricos nos Estados Unidos está passando por uma reavaliação profunda. O governo americano propõe cortar os créditos de US$ 7.500 que vinham impulsionando a compra de carros elétricos, além de reduzir benefícios para infraestrutura, baterias e veículos usados. Essas mudanças colocam em risco o avanço da eletromobilidade no país e podem ter reflexos econômicos, ambientais e estratégicos em escala global.

Neste artigo, você entenderá o que está mudando nos EUA, quem será mais afetado e quais os impactos esperados para o mercado e a indústria de veículos elétricos.

O que está mudando nos Estados Unidos

Propostas para cortar o crédito fiscal de US$ 7.500

Nos Estados Unidos, o crédito fiscal de US$ 7.500 tem sido um dos principais instrumentos para incentivar a adoção de veículos elétricos (EVs). No entanto, novas propostas no Congresso norte-americano visam eliminar esse benefício até o fim de 2026, marcando uma guinada nas políticas públicas de apoio à eletromobilidade.

As mudanças preveem limitar o incentivo apenas para montadoras que tiverem vendido menos de 200 mil veículos até 2025, excluindo, por exemplo, empresas como Tesla e GM. A justificativa política se baseia no argumento de que os subsídios beneficiam majoritariamente consumidores de alta renda, além de impactarem negativamente o orçamento público.

Caso aprovadas, essas alterações representam uma quebra no compromisso assumido durante o governo Biden de impulsionar a venda de EVs, com metas ambiciosas como a de 50% dos veículos vendidos até 2030 serem elétricos.

Quem será mais impactado pelas mudanças

A redução dos incentivos fiscais nos EUA não afetará todos os players da mesma forma. Pequenas montadoras e novos entrantes no mercado de veículos elétricos são os mais vulneráveis. Sem o apoio governamental, será mais difícil competir com marcas consolidadas, que já possuem escala de produção e reconhecimento de mercado.

Além disso, consumidores da classe média, que hoje contam com o subsídio para viabilizar a compra de um EV, poderão adiar ou desistir da aquisição, optando por veículos a combustão mais baratos. A estimativa é de que a eliminação dos subsídios possa reduzir as vendas anuais de EVs em até 300 mil unidades a partir de 2027, afetando diretamente o avanço da transição energética.

Cortes adicionais: infraestrutura, baterias e veículos usados

As propostas legislativas também incluem o fim dos incentivos para a infraestrutura de recarga, fabricação de baterias e até mesmo para veículos elétricos de segunda mão. Isso representa um risco não só para consumidores, mas também para toda a cadeia produtiva da mobilidade elétrica.

Sem incentivos para a expansão da rede de carregadores e para a produção nacional de componentes, os EUA podem perder competitividade global frente à China e Europa, que continuam investindo fortemente nesses setores. A medida ameaça ainda cerca de 130 mil empregos industriais previstos em estados como Michigan, Tennessee e Texas, onde fábricas e centros logísticos estão sendo construídos com base em políticas anteriores de incentivo.

Efeitos imediatos no mercado americano

Elétricos e diminuição incentivos

Alta nos preços e queda nas vendas

A retirada dos incentivos fiscais tende a elevar significativamente os preços dos veículos elétricos nos Estados Unidos, que já são, em média, mais caros do que os modelos a combustão. Isso pode criar uma barreira de entrada para consumidores de classe média, reduzindo o apelo comercial dos EVs no curto prazo.

Estudos apontam que, sem os subsídios, o mercado norte-americano pode enfrentar uma redução de até 300 mil unidades vendidas por ano e uma perda acumulada de mais de 8 milhões de unidades até 2030. A projeção levanta preocupações sobre uma possível estagnação no crescimento da eletromobilidade, o que contraria as metas ambientais do próprio governo dos EUA.

Ameaça às metas ambientais e climáticas

O corte dos incentivos pode comprometer seriamente os esforços dos EUA no combate à mudança climática. A redução da adoção de EVs significa manter uma frota mais poluente por mais tempo, o que vai na contramão dos compromissos de redução de emissões assumidos em acordos internacionais e programas federais.

Segundo análise do Olhar Digital, essa desaceleração pode dificultar o alcance da meta de eletrificação de 50% da frota até 2030 e aumentar a dependência dos combustíveis fósseis, caso não haja uma política de compensação ambiental paralela.

Redução de empregos e impacto industrial

A cadeia produtiva da mobilidade elétrica nos EUA está em expansão, com fábricas de baterias, centros de desenvolvimento e polos logísticos sendo criados em estados-chave como Michigan, Texas e Tennessee. Com o fim dos incentivos, cerca de 130 mil empregos podem ser ameaçados, segundo estimativas de mercado.

Além disso, o cenário cria instabilidade para investidores e fornecedores, afetando toda a estrutura de inovação que vinha sendo construída. O impacto pode ser particularmente severo para as startups e empresas menores, que ainda dependem fortemente de políticas públicas para viabilizar seus modelos de negócio.

Repercussão global e impactos no Brasil

Desafios para a indústria automotiva nacional

As mudanças nos incentivos fiscais nos Estados Unidos geram um efeito dominó global, afetando diretamente a cadeia automotiva. O Brasil, embora tenha um mercado ainda emergente de veículos elétricos, pode sofrer consequências indiretas, principalmente na atração de investimentos estrangeiros.

Com os EUA retraindo sua política de apoio aos EVs, fabricantes globais podem reavaliar planos de expansão na América Latina, redirecionando recursos para mercados com políticas mais estáveis. Países como o México — que possuem forte integração com a indústria americana — tendem a buscar alternativas comerciais na região, aumentando a competição com o Brasil.

A Anfavea já alerta que o país pode perder relevância regional se não acelerar a reforma do ambiente de negócios, especialmente no setor automotivo.

Pressão por uma nova política industrial

Diante da instabilidade externa, cresce a necessidade de o Brasil reforçar sua estratégia industrial e comercial. A eletromobilidade ainda depende de incentivos, tanto para infraestrutura quanto para produção local de peças e baterias. Porém, as políticas internas ainda são marcadas por contradições.

Por um lado, houve redução no imposto de importação para veículos elétricos. Por outro, o governo brasileiro decidiu incluir esses mesmos veículos na lista de produtos que recebem o “imposto seletivo” — também chamado de “imposto do pecado”. A taxação visa desestimular o consumo, o que acaba encarecendo os modelos elétricos e criando incertezas para o setor.

Essa política ambígua foi criticada por analistas da Metagal e por órgãos como o Ipea, que consideram esse caminho um entrave à adoção em massa dos EVs no Brasil.

Cenário fiscal brasileiro: impostos de importação e tributação seletiva

Desde janeiro de 2024, o Brasil vem reintroduzindo gradualmente o imposto de importação para veículos elétricos, que antes eram isentos. As alíquotas começaram em 10% e estão programadas para atingir 35% até julho de 2026. No entanto, há discussões para antecipar esse teto para julho de 2025, a pedido da Anfavea — o que pode acelerar o encarecimento dos modelos importados.

Paralelamente, a Lei Complementar nº 214/2025 criou o chamado Imposto Seletivo, também conhecido como “imposto do pecado”. De forma controversa, a nova legislação incluiu os veículos elétricos entre os produtos tributados por impactos ambientais, mesmo sendo alternativas de menor emissão em relação aos modelos a combustão (Conjur).

Essa combinação de políticas contraditórias — aumento de tarifa de importação e aplicação de imposto ambiental sobre carros sustentáveis — gera insegurança regulatória e pode frear o avanço da eletromobilidade no Brasil, dificultando o acesso a modelos mais acessíveis e desestimulando investimentos no setor.

Conclusão

A possível eliminação dos incentivos fiscais para veículos elétricos nos EUA sinaliza uma mudança profunda na política de transição energética global. O impacto pode ser imediato: alta nos preços, queda nas vendas e ameaça a milhares de empregos industriais, além de dificultar o cumprimento de metas climáticas ambiciosas.

Para o Brasil, o momento exige atenção estratégica. A retração americana pode gerar instabilidade, mas também oferece espaço para o país se destacar regionalmente. Com uma matriz energética majoritariamente renovável, o Brasil tem um diferencial competitivo claro — mas só colherá resultados se alinhar políticas fiscais, industriais e ambientais com consistência.

A redução dos subsídios nos EUA reforça, portanto, a urgência de o Brasil definir uma estratégia nacional de eletromobilidade. Sem isso, o país corre o risco de perder protagonismo, investimentos e oportunidades em um setor que moldará o futuro da mobilidade global.

Fontes

Gazeta do PovoTrump quer acabar com incentivos para carros elétricos – e tem apoio de Elon Musk
Publicado em: 6 de junho de 2025
https://www.gazetadopovo.com.br/energia/trump-quer-acabar-com-incentivos-para-carros-eletricos-musk-apoia/

Olhar DigitalCarros elétricos: EUA dão um passo atrás
Publicado em: 23 de maio de 2025
https://olhardigital.com.br/2025/05/23/carros-e-tecnologia/carros-eletricos-eua-dao-um-passo-atras/

Bloomberg LíneaComo a ameaça de Trump impulsionou vendas de EVs nos EUA
Publicado em: 15 de maio de 2025
https://www.bloomberglinea.com.br/negocios/como-a-ameaca-de-trump-para-os-carros-eletricos-pode-ter-dado-impulso-as-vendas-nos-eua/

Latam MobilityTarifas dos Estados Unidos e mobilidade na América Latina: Brasil enfrenta riscos e oportunidades
Publicado em: 14 de maio de 2025
https://latamobility.com/pt-br/tarifas-dos-estados-unidos-e-mobilidade-na-america-latina-brasil-enfrenta-riscos-e-oportunidades/

MetagalO impacto dos impostos de veículos elétricos no Brasil
Publicado em: 5 de maio de 2025
https://www.metagal.com.br/blog/o-impacto-dos-impostos-de-veiculos-eletricos-no-brasil/

IpeaOs desafios para consolidação dos veículos elétricos no Brasil
Publicado em: 11 de agosto de 2023
https://jornal.unesp.br/2023/08/11/apostar-apenas-na-eletricidade-nao-e-a-melhor-opcao-para-diminuir-emissoes-de-automoveis-brasileiros/

ExameCarros elétricos: EUA cortam subsídios e consumidores receberão menos incentivos fiscais
Publicado em: 21 de maio de 2025
https://exame.com/economia/carros-eletricos-eua-corta-subsidios-e-consumidores-receberao-menos-incentivos-fiscais/

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